R VICENTE GOES E ARANHA

Vicente da Costa Taques Goes e Aranha nasceu em Itu, no ano de 1745. Com 20 anos de idade foi promovido a Juiz das Mediações, por nomeação da Câmara de Itu e provisão do Brigadeiro Luiz Antonio, cargo que exerceu durante 5 anos. Aos 26 anos de idade, passou a Juiz Ordinário, vindo a ocupar o cargo de capitão-mór de Itu, por muitos anos. Desempenhou as funções de Capitão-Mór durante meio século, onde teve ocasião de demonstrar sua convicção política e sua dedicação de servidor fiel ao poder real. Do seu temperamento desassombrado e altivo deu mostras quando em 1822, quase octogenário, veio ao encontro do Príncipe Regente, de Itu a São Paulo, vencendo a cavalo as 17 léguas que separavam a Capital da então Vila Ituana. Apresentou-se ao "Beija-mão" do Príncipe, vestindo uma seródia e incrível indumentária, retratada com minucia por Alberto Rangel: "metido dentro de seu casacão côr de sangue, camisa de babados, bicôrno preto galonado a ouro, cabeleira de massarocos e rabicho, com um sovelão a cinta, era legítima aparição inabitual como que exumado por artessesotéricas, dum mago cariturista e macabro". D.Pedro cometeu a leviandade de recebe-lo as gargalhadas, o que o magou profundamente, mas lhe proporcionou também o ensejo de proferir a histórica frase: "Com esta mesma farda de que Vossa Alteza Real mofa, servi ao augusto Pai e aos augustos avós de Vossa Alteza Real. Não sou homem de virar casaca". Espírito dado às letras, latinista, cortejou as musas com discreto êxito. Um coimbrão, perdido no ambiente colonial. Da sua lavra poética ficaram alguns versos de circunstâncias, feitos a propósito da quebra de uma cláusula contratual em pendência travada entre a Camara Municipal de um particular. A Camara doara a certa pessoa uma data de terra, com a expressa condição de que "se, findo o prazo de 6 meses, não se encontrasse esse terreno fechado e cultivado, conforme a cláusula estipulada, ficaria sem efeito a doação" Decorreram os 6 meses e, como o beneficiário não comprira o que fora contratado, a municipalidade declarou caduca a doação, concedendo o terreno a quem na ocasião o requeresse. A essa altura, a rabulice e o embuste entraram em ação: aconselhado por seu advogado, o infrator requereu vistoria do terreno e, em horas tardias da noite, fincou nele árvore, procurando assim justificar a improcedência da ação. O Capitão-Mór escreveu, à maneira de despacho, a famosa e burocrática décima:
"Ontem a tardinha vi um campo coberto de capim, nenhum arbusto. Hoje de manhã, com assombro e susto, árvores e flores vi no mesmo campo. Milagrosa foi a lua, e o pirilampo que tal milagre fez numa só noite, mas não se livrará de algum açoite o autor de tão rara pantomina, que quiz cegar dos olhos a menina do perspicaz juiz de dia e noite".
Faleceu no ano de 1826.

Começa na Rua Artur de Souza Marques, e termina na Rua Ministro Nelson Hungria.

Nomes anteriores: Rua 34

Fonte: Dic.Ruas