R PROF CIRIDIAO BUARQUE

Este logradouro recebeu inicialmente a designação de “Travessa 8-A”. O seu leito foi aberto pela Companhia Urbana Predial e doado ao município de São Paulo através do Decreto-Lei 396 de 1947 que oficializou o logradouro e denominou como Rua Professor Ciridião Buarque.

O professor Manuel Ciridião Buarque nasceu em 2 de janeiro de 1860, na cidade de Maragogi, Alagoas, filho do dr. Francisco de Borja Buarque de Lima e de d. Rita Maria de Cassia Buarque. Fez seus estudos preparatórios na cidade de Recife, matriculando-se em 1876 na Faculdade de Direito daquela cidade. No último ano, porém, abandonou o curso para se dedicar ao magistério. Em 1882 encontrava-se no Rio de Janeiro, onde teve uma brilhante carreira como educador. Em julho de 1882, por exemplo, foi nomeado interinamente como professor de geometria da Cia de Aprendizes artífices do Arsenal da Guerra, ocasião em exerceu também o cargo de professor e de 2º diretor do Instituto Pestalozzi de Instrução Primária. Desde então, iniciou uma campanha para a adoção de novos métodos de ensino proferindo várias palestras como a intitulada “Constituição de uma ciência da educação – Necessidade e condições de seu estudo, novas soluções às questões do ensino” que proferiu em escolas públicas do Rio de Janeiro. Em novembro de 1883 deixou as aulas do Arsenal da Guerra, sendo nomeado logo a seguir como professor interino da Escola Normal da corte, no curso de ciências e letras. Em abril de 1884 foi nomeado como professor de português da mesma Escola Normal, cargo este que exerceu até março de 1886. Apesar de seu brilhantismo, o professor Ciridião Buarque enfrentou críticas de educadores conservadores e de uma parte dos alunos, fato este que levou um outro grupo de alunos aos jornais para defendê-lo, como publicou o jornal carioca Gazeta de Notícias no dia 17/05/1884: “Escola Normal – Os normalistas abaixo assinados declaram que estão plenamente satisfeitos com o método adotado pelo seu professor de português, o Sr. Ciridião Buarque, porque é perfeitamente pedagógico, faz professores e não papagaios; declaram ainda que desprezam a todos esses abutres que se mascaram, dizendo-se normalistas para denegrirem a reputação desse moço distinto. Escola Normal da Corte 16 de maio de 1884”, seguem 27 assinaturas. Em 1886, ao lado do educador João Kopke, fundou uma associação para aperfeiçoamento dos professores. Entre 1887 e 1889, manteve-se como professor e depois diretor pedagógico no Instituto Pestalozzi, como professor do Colégio Ítalo Brasileiro, do Colégio D. Pedro II, ao mesmo tempo em que dava aulas particulares de português. Em 1890, com a reorganização da Escola Normal de São Paulo, Caetano de Campos convida Manuel Ciridião Buarque para ser o novo professor daquela instituição. Em março de 1890 ele estava oficialmente nomeado e levando adiante os mesmos projetos que desenvolvera no Rio de Janeiro, nesse mesmo ano ele já estava à frente da “Escola da Neutralidade”, instituição de ensino antes dirigida pelo seu amigo João Kopke. Posteriormente, essa escola seria desdobrada em duas: o “Colégio Andrade”, dirigido pela esposa de Ciridião, a professora Brasília Marcondes Buarque, para o sexo feminino, e a “Escola Neutralidade”, tendo Ciridião como diretor, para o sexo masculino. Em 1893, as duas escolas passam a fazer de uma única instituição: o Instituto D. Brasília Buarque. Desde então, o professor Manuel Ciridião Buarque alcança grande notoriedade na educação paulista, sendo sempre convidado para comissões, bancas e palestras. Na Escola Normal foi o responsável pela cadeira de português e depois o de pedagogia e psicologia. Em maio de 1902 lançou a revista “Educação”, que circulou até 1903. Um dos pontos altos de sua carreira ocorreu em 1912, quando participou, como representante de São Paulo, do 2º Congresso de Instrução Primária e Secundária, em Belo Horizonte. Ali teve destacada atuação, principalmente pela sua palestra “Educação e Pedagogia”, e pelo lançamento do livro “Educação Nova”, eventos que tiveram grande repercussão e pelos quais recebeu vários elogios e homenagens. Em 1913 viaja para os E.U.A. com alguns alunos paulistas e na cidade de Mount Vernon, ao lado de Nova Iorque, fundou o “Brazilian Tutorial Institute” para a preparação de estudantes brasileiros interessados em frequentar as universidades norte americanas. Foi um dos maiores educadores que atuaram em São Paulo. Foi casado com d. Brasilia Marcondes Duarte e teve os filhos Otávio, Paulo, Martim e Maria América Buarque. Faleceu em São Paulo no dia 04/10/1921 e foi sepultado no cemitério da Consolação. Além desta rua, Ciridião Buarque foi também homenageado com seu nome na Escola Estadual Professor Manuel Ciridião Buarque, localizada na Rua Cerro Corá, na Vila Ipojuca. 

Fontes: Gazeta de Notícias RJ 28/07/1882, 09/12/1882, 23/12/1883, 04/03/1884, 20/12/1886, 08/05/1887, 26/12/1887, 16/03/1890; Jornal do Comercio RJ 09/12/1882, Jornal do Recife 23/11/1883, Correio Paulistano 04/02/1890, 06/04/1890, 16/04/1890, 14/02/1892,  A Opinião Nacional RJ 25/11/1893, O Comercio de SP 13/05/1902, O Paiz RJ 13/02/1913, 25/04/1913, Correio Paulistano e O Estado de São Paulo de 04/10/1921.

Começa na Rua Cajaíba e termina na Rua Epaminondas Lôbo.

Nomes anteriores: Rua Felipe Camilo, Felipe de Carvalho ou Rua Sete

Fonte: Dic.Ruas