R MARIA ANTONIA, 40
CEP 01222-010
Bairro Vila Buarque
Esta rua foi aberta na chácara de D. Maria Antônia da Silva Ramos entre os anos de 1880 e 1883, sendo uma das primeiras que se constituíram no bairro que, posteriormente, recebeu o nome de Higienópolis. No dia 02 de abril de 1884, este logradouro já aparece identificado como “Rua de D. Maria Antonia” nas Atas da Câmara Municipal. Maria Antonia da Silva Ramos nasceu em Castro, Paraná, no dia 05/07/1815, filha do rico fazendeiro João da Silva Machado (Barão de Antonina) que também teve larga participação na política como deputado e vice-presidente da Província de São Paulo (1837-1838) e senador pelo Paraná em 1854, e de d. Ana Ubaldina Paraíso Guimarães, ela filha do coronel Manoel Gonçalves Guimarães, possuidor de avultada fortuna e de muitas sesmarias de terras em Castro, Ponta Grossa e Curitiba. D. Maria Antônia, portanto, nasceu em uma família de posses, situação esta que será consolidada mais tarde a partir de casamentos com membros da elite paulista. Uma questão curiosa a ser notada na história de D. Maria Antônia e de sua família, foi o fato dela e de suas duas outras irmãs terem contraído matrimônio no mesmo ano de 1835. Maria Antônia, por exemplo, casou-se com o tenente coronel Mariano José da Cunha Ramos; sua irmã Balbina Alexandrina casou-se aos 14/04/1835 com Luis Pereira de Campos Vergueiro (filho do senador Vergueiro) e Francisca de Paula casou-se aos 19/04/1835 com o capitão Joaquim da Silva Prado (ele irmão de Martinho da Silva Prado que se casou com D. Veridiana da Silva Prado). Nesse sentido, D. Maria Antônia e D. Veridiana, além de amigas, eram também concunhadas. Duas outras irmãs de Maria Antônia também se casaram com membros da elite paulistana e, curiosamente, com dois irmãos: Ana se casou em 1852 com Fidelis Nepomuceno Prates (veja Rua Prates) e Inocência Júlia em 1856 com Fidêncio Nepomuceno Prates. Desse último consórcio nasceu Eduardo da Silva Prates, o Conde Prates, sobrinho de D. Maria Antônia. Conforme citado, em 1835 Maria Antônia casa-se com o tenente coronel Mariano José da Cunha Ramos, ele descendente de tradicional família da região de Atibaia e Bragança Paulista, filho do sargento Mor Francisco da Cunha Ramos e de d. Maria Francisca Cardoso. Mariano José da Cunha Ramos foi vereador de Bragança em 1819 e também no período de 1829 a 1832. Após o casamento com Maria Antônia, Mariano veio para São Paulo e no dia 25/04/1836 foi nomeado capitão da Guarda Nacional. Nesse mesmo ano ele fez parte da comissão de visitas a prisões da Câmara Municipal São Paulo e em maio recebeu a patente de tenente. Em 30/05/1836 foi escolhido como Jurado do distrito de Santa Ifigênia, num claro indicativo que o casal residia naquela região. Maria Antônia e Mariano tiveram dois filhos: Firmino da Cunha Ramos, falecido jovem e Ernesto Mariano da Silva Ramos, ele nascido em São Paulo no dia 20/04/1836, exerceu o cargo de presidente da Câmara Municipal de São Paulo entre 1873 e 1877 e casou-se com d. Maria Amália Rudge, o que deu origem à tradicional família Rudge Ramos de São Paulo (veja Rua Ernesto Mariano). Mariano José da Cunha Ramos faleceu pouco depois, a 13/08/1837. Nesse mesmo ano, o pai de D. Maria Antonia, o barão de Antonina, assume como tutor de Ernesto Mariano, seu neto e filho de Maria Antonia. Conforme os registros oficiais, D. Maria Antonia foi referendada como proprietária em diversas ocasiões, ora como possuidora de escravos, ora de imóveis, como ocorreu em 1859, ocasião em que dirigiu uma petição à Câmara Municipal solicitando alinhamento dos terrenos de sua casa localizada na Rua Boa Vista, nas proximidades da atual Ladeira Porto Geral. Num caso incomum para a época, em 1855 ela aparece como acionista do Banco Hipotecário de São Paulo, uma sociedade formada naquela época por 93 homens e apenas 04 mulheres. Além de Maria Antônia, constavam como acionistas as seguintes mulheres: d. Luiza Eufrásia Quartin de Paiva, a Baronesa de Iguape e Policena Rosa de Jesus. Entretanto, e fugindo à regra, sua participação em empresas não se restringiu ao Banco Hipotecário, pois em 1881 ela constava como uma das acionistas da Cia. Paulista de Estradas de Ferro. Ao lado desses empreendimentos, D. Maria Antônia mantinha também várias propriedades e seu nome constava como das maiores contribuintes de impostos sobre a propriedade da cidade. Em 1874, por exemplo, pagou 13$000 de imposto à Câmara Municipal, valor este que subiu para 29$000 em 1876, 43$200 em 1879 e 90$720 em 1886, num claro sinal de que a cada ano ela acumulava mais posses. E dentre as suas propriedades, estava sua chácara situada na Consolação e já citada nos documentos municipais desde 1871. Naquele ano, mais especificamente a 09/02/1871, e ao tratar da implantação da iluminação pública através de lampiões na Rua da Consolação, verificou-se que os postes estavam assentados até “a frente da casa da Senhora Dona Maria Antonia” (Atas da Câmara 09/02/1871). Outra grande propriedade de D. Maria Antonia estava localizada na Rua Conselheiro Nébias e pela qual ela foi tributada em 1886. Como pode ser visto, desde pelo menos 1871 ela mantinha uma casa localizada na Rua da Consolação antigo nº 106 e onde, em 1888, foi instalado um dos primeiros telefones de São Paulo. Pelos idos de 1880, a chácara de D. Maria Antônia estava localizada entre as atuais Ruas da Consolação, Maria Antônia, Dona Veridiana e Major Sertório, sendo que uma parte dela já havia sido desmembrada em 1874 através da venda que fez ao Rev. Chamberlain, da Igreja Presbiteriana, que foi destinada à Escola Americana, futuro Mackenzie. A relação de D. Maria Antônia com a igreja Presbiteriana de São Paulo teria tido início entre 1874 e 1875, numa aproximação que culminaria no dia 02/06/1878 com a sua entrada para aquela igreja em profissão de fé realizada pelo mesmo Reverendo Chamberlain. Antes disso D. Maria Antônia seguia regularmente os ritos católicos e frequentava a igreja de Santa Ifigênia, para a qual fez várias doações, inclusive uma de 20$000 em 1864. Em 1870 vamos encontra-la como participante de um grupo intitulado “Devoção das Dores”, instalado na igreja do Rosário dos Homens Pretos com um altar especial. Fundado por Tomaz das Dores Ribeiro, o grupo era composto “pelas principais senhoras da cidade”, conforme anunciou o Correio Paulistano de 20/09/1870. Em setembro de cada ano, quando a igreja celebrava as “Sete Dores da Santíssima Virgem”, o grupo se reunia para as celebrações e, para o ano de 1871, D. Maria Antônia fora nomeada provedora. E dentre outras agremiações religiosas, ela tinha forte presença na Venerável Ordem 3ª de São Francisco da Penitência, para a qual foi eleita ministra no biênio 1871-1872, conforme noticiou o Diário de São de São Paulo de 10/09/1871. Além dessa participação na vida religiosa da cidade, ela era conhecida pela sua bondade e colaboração para com os necessitados. Em 1875, por exemplo, fez a doação de 10$000 Réis para as vítimas das enchentes ocorridas naquele ano na cidade francesa de Toulouse e igual valor doou em 1898 para a Maternidade de São Paulo. D. Maria Antônia aproxima-se da Igreja Presbiteriana de São Paulo logo nos primeiros de sua fundação na cidade, ocorrida em 1870, pelas mãos do Reverendo George Whitehill Chamberlain. Tornando-se amigo da família, Chamberlain fazia visitas ao velho Barão de Antonina, pai de D. Maria Antônia, e nessas oportunidades tanto o Barão quanto sua filha mantinham longas conversas. Após a morte do Barão em 1875, Maria Antônia continuou a se aproximar dos presbiterianos, tornando-se amiga de Mary Ann Annesley Chamberlain (esposa do Reverendo Chamberlain) e Elizabeth Hibler Day Howell (esposa do Rev. John Beatty Howell). No dia 2 de junho de 1878, Maria Antônia é recebida por profissão de fé e batismo na Igreja Presbiteriana de São Paulo, fato este que, no mínimo, causou certo estranhamento entre os católicos na cidade. Mas, D. Maria Antônia não se deixava levar por comentários, e até a sua morte teve participação assídua na igreja, envolvendo-se em muitas de suas iniciativas. No ano seguinte, e por influência de seu amigo Eduardo Carlos Pereira, também pastor presbiteriano, D. Maria Antonia acabou por doar à igreja Presbiteriana cerca de 27.000 m2 de sua chácara. Na verdade, ocorreu uma venda simbólica, uma vez que ela recebeu apenas 800$000 (Oitocentos Mil Réis) pelo terreno, quantia essa que foi gasta na abertura de uma valo divisório. Logo em seguida, a igreja iniciou a construção de alguns prédios da Escola Americana, hoje Universidade Mackenzie. Como exemplo de suas atividades na igreja, anotamos a sua participação, ao lado de Henriqueta A. Soares Couto, Adelaide Molina, Mrs Howell e Mrs Chamberlain, na Sociedade Auxiliadora da Igreja Presbiteriana, que promovia diversas atividades beneficentes (Correio Paulistano 21/10/1881). No dia 21/09/1882, Ernestina Rudge da Silva Ramos, uma das netas de D. Maria Antônia, casou-se com Cesário Pereira de Araújo na “Sala Grande” da Escola Americana, em ato presidido pelos Reverendos Chamberlain e Howell, num ato de grande repercussão na cidade. Por conta dessa participação, um dos prédios da Universidade Mackenzie foi denominado como “Edifício Baronesa Maria Antônia da Silva Ramos”. Em 1886, a Escola Americana já usava como endereço a “Rua de Dona Maria Antônia”. Nos seus últimos dias, Dona Maria Antônia residiu à Rua de São João, em frente à Escola Americana, vindo a falecer, aos 87 anos de idade, no dia 11 de março de 1902, sendo sepultada no cemitério da Consolação.
Fontes: HOMEM, Maria Cecília Naclério; “Higienópolis – grandeza e decadência de um bairro paulistano”, Prefeitura de São Paulo, 1980.
Fontes a respeito da participação de D. Maria Antônia na Igreja Presbiteriana:
MATOS, Alderi Souza de. “Os Pioneiros Presbiterianos no Brasil: Missionários, Pastores e Leigos do século 19”, Editora Cultura Cristã, 2004.
NICACIO, Jamilly da Cunha. “Mulheres Organizadas”, in: SILVA, Zélia Lopes e ANHEZINI, Karina; “A Escrita da História e suas múltiplas faces”, Assis, FCL, Unesp, 2011.
Começa na Rua da Consolação e termina na Avenida Higienópolis.
Fonte: Dic.Ruas
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